Sunday, March 30, 2008

Exê ê! Baba Exê ê!


Olha, mais uma vez eu dei mole... vacilei, mas vacilei feio.... por respeito, não levei câmera.... mas poderia ter levado para postar aqui... mas tudo bem, acho que dá para entender as fotos que não fiz.
Uma aluna convidou-me para uma saída de santo na terra dela.
Não deixa de ser uma situação pitoresca, pois boa parte dos meus alunos é evangélica e outra boa parte é muito preconceituosa com religiões de matriz africana, sendo que um grupo não exclui o outro; além disso, o barracão é lá em Guaratiba, a festa seria, é claro, para varar a madrugada. E mais... eu levaria a minha mãe. Não deixando de registrar que a minha querida aluna, para garantir a minha presença no evento, disse que começariam a tocar por volta das oito da noite.(Ela achou que se me dissesse o horário certo, eu não iria... tadinha...)
Tonta que sou, porque tô cansada de saber que candomblé é para amanhecer, cheguei as oito.
Começou meia-noite e quinze.
Saímos de lá cinco e quinze. E não tinha acabado.
Encurtando a história: eu sou uma tonta... deveria ter usado um pouco da minha massa encefálica e chegado lá mais tarde, para aguentar ficar até acabar. Isso porque aquilo ali foi MUITO LINDO.

Não vou pormenorizar nada, porque rituais de candomblé prococam, pelo menos em mim, uma sensação de prazer, alegria, emoção e fé indescritível. Descrever seria uma tarefa impossível.

Nação Efon, tradicionalíssima. Barracão organizadíssimo e ritual absolutamente emocionante e belo. Só posso agradecer aos
Orixás a oportunidade.


Uma lenda de Oxaguiã:

... comedor-de-inhame-pilado


Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô). Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido. Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto!

Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que significa "Orixá-comedor-de-inhame-pilado", e assim passou a ser chamado. Awoledjê, seu companheiro, era babalaô, um grande advinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes. Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era rodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas. Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada. Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do "Comedor-de-inhame-pilado". Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: "Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!" E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.

Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação. "Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!" Awoledjê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse. "Muito bem! - respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se". Desde então, todos os anos, no fim da sêca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair. A lembrança deste costume conservou-se através dos tempos e permanece viva, tanbém, na Bahia. Por ocasião das cerimônias em louvor a Oxaguiã, as pessoas batem-se umas nas outras, com leves golpes de vareta... e recebem, em seguida, uma porção de inhame pilado, enquanto Oxaguiã vem dançar com energia, trazendo uma mão de pilão, símbolo das preferências gastronômicas do Orixá "Comedor-de-inhame-pilado." Exê ê! Baba Exê ê!

2 comments:

Anonymous said...

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Anonymous said...

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