Tuesday, April 29, 2008

palavras


Estava agora me lembrando de um colega de trabalho pedindo para eu conversar com as alunas da antiga sexta série sobre o papel coadjuvante que elas desempenharão na peça que encenarão em 2 semanas. Mulheres eram coadjuvantes até mesmo na própria vida... tudo vinha na frente.
Até nos dias de hoje, se lembrarmos talvez de avós, mães, dependendo da nossa idade e da delas, vamos nos lembrar daquela educação tosca e patriarcal que receberam e que muitas vezes tentaram passar para nós.
Mas ainda bem que os tempos voam, mais do que nunca, e os costumes renovam-se a cada segundo. Esses dias me peguei olhando uma senhora de uns 80 anos na clínica ( fui ao médico fazer um check up, sinais da idade...). Ela estava acompanhada da filha, que devia ter passado dos 40 já há algum tempo. Muiro parecidas, a duas, mesmo sem levar em consideração a tintura de cabelo que usavam.
Ela tinha dificuldades para caminhar, sentou-se rapidamente e a filha foi resolver as questões para ela. Surpreendi-me imaginando aquela cena, mas comigo e minha mãe daqui uns 10 ou 15 anos, porque, apesar dos setenta e tais, ela ainda está bem inteira.
Pensei como aquela senhora viveu, passou por tanta coisa... Lacerda, Vargas, 68... será que ela era de esquerda ou nem imaginava o que acontecia, vivendo numa cidade de interior, como a minha mãe? Se eu me surpreendo com a garotada de hoje... ela nem deve se surpreender mais com nada.
As prioridades mudaram, principalmente entre nós, mulheres. Sinto, vejo, vivo os anos passando e sei que quero ter um filho. Mas não é prioridade. Mesmo com minha mãe envelhecendo e sem poder me ajudar e curtir bastante o neto. Mas não é minha prioridade.
Fazer de tudo para ser feliz, não você, mas a vida em casal, mesmo esquecendo-se de você... não, obrigada. Não. Aos 33 anos não acho que tenha que fazer isso. Ninguém merece isso, nem mesmo eu. Talvez um filho ou filha. Mas ainda não posso dizer com certeza.
As vezes você para e olha em volta...
Olha para trás, tenta olhar para frente...
tudo misturado, junto, separado, confuso, não dá para entender direito.
Hoje eu fiquei assim...



... o barulho da chuva lá fora é forte, as gotas grossas batem com força nas folhas das árvores...
O vento é frio.
............................

como eu seu sooofrooo...



Depois de séculos de atraso, ontem eu vi o Em Busca da Felicidade, com o Will Smith que, uau... está um charme...
Não me pergunte se tinha algo além daquela relação entre pai e filho, porque eu simplesmente chorei o filme todo.
E foram duas sessões.
Não, eu não gosto de sofrer, talvez quando não estou muito bem da cabeça uma boa choramingada até funcione, mas ver duas vezes para chorar duas vezes é demais. Não faço isso não. Louca, mas nem tanto. Eu tomo os meus remédios...
Mas continuando, foram duas sessões incompletas. Porque é claro que eu de TPM, de porrinho, sensível até a sujeirinha da unha do dedão, já estava chorando quando a mulher fez a primeira cara de “ esse merda de marido que eu fui arrumar“. E acho que isso já rolou aos 30 segundos de filme...
Mas além de eu estar de TPM, de porrinho, sensível até a sujeirinha da unha do dedão, eu tenho um marido docinho de côco. E é claro que ele pergunta: mas porque você está chorando? Uma, duas, três vezes. Não sem aquele risinho sacana no canto da boca, não sem reclamar do filme imediatamente depois...
Resultado: fui embora da sala para o quarto. Choraminguei um pouquinho na cama e apaguei.
Tarde seguinte, domingo, esperando a hora do almoço na casa da mamãe... fui ver o que faltava de filme, é claro. Sunday estava ocupado demais para ir me vigiar, nem ia perceber meu sofrimento. Ainda bem.
De TPM, sem nada de porrinho, mas sensível até a sujeirinha da unha do dedão: três minutos de filme e lá estava eu aos prantos.
E não parei mais.
Mas eu pude sofrer em paz junto com o Sr. Garder? Não!!! É claro que não!!!
Meu algoz aparecia toda vez que eu soluçava. ( Sim, camarada, eu chorei MESMO!!!)
Quando o algoz resolveu abandonar a esposa sofredora (eu), quem aparece para fazer escárnio da minha sensibilidade? Minha Mãe!!!
Ela olhou, olhou, fez uma cara “toma vergonha nessa cara“ e foi juntar-se ao genro algoz para tirar sarro da nossa dor ( minha e do Sr. Gardner).
Pode? Minha mãe!! Marido tudo bem... são todos uns insensíveis, só choram vendo Rei Leão mesmo, coisa de... deixa pra lá.



O filme nem é lá tudo isso. O problema é que eu estava de TPM, de porrinho ou não, mas sensível até a sujeirinha da unha do dedão. Ih, rimou!!!!
Vou ver num momento menos... delicado do meu mês...
Mas que o Will Smith está um gato, ah isso está!!!

Brinquedos grátis!Brinquedos grátis!Brinquedos grátis!Brinquedos grátis!Brinquedos grátis!

Nada.

A ressaca passou e ainda estou sem assunto.

Minha vida tem sido em torno de planejamentos... diários, semanais, mensais, semestrais, anuais...

Estou muito ansiosa.

Todo santo dia eu escrevo um e-mail para a Profa. Dra. Surpresinha Só Conto Se Ela Aceitar Me Orientar para falar do projeto, para pedir ajuda... mas apago e respiro, conto até 1734 e esqueço. Vou fazer o planejamento e esperar até sair o edital da pós, sexta.

Estou muito ansiosa.

Entre a modesta pilha com seis livros e textos que pretendo ler nas próximas 2 semanas, quero muito ler novamente O Cortiço, Aluísio Azevedo. Ele está a minha espera há duas semanas, o pobre... Além disso, tem o regime pessimamente começado hoje, os planos escolares que devem estar concretizados dia 17 de maio... ai, sei lá!!!!

Estou ansiosa!!!!!!!!!!

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh



Tô precisando de uma loja que distribua brinquedos grátis!!!!!

Pode até ser o tal cubo mágico...

Thursday, April 24, 2008

nem sei do que vcs estão falando...




PORRA, O QUE EU TINHA NA CABEçÅ ONTEM?!
Tá, eu sei, doses cavalares de cerveja, rum, vodka, whisky, cachaça... aquilo foi uma farra do boi...tantos drinks... que fartura... quero bis...
Acho que o Rogério, não... kkkk

Mas como assim eu fui bater papo com o PM?
Hj eu lembrei que chamei o guardinha de SENHOR POLICIAL MILITAR....
Ahhhhhhh, alguém arrasta essa mulher!!!!!
E ainda vou editar isso aqui com as fotos da orgia...

Wednesday, April 23, 2008

Quarta-feira, 23/04/2008.... 23:07

Rua mandina, em frente a casa 350.
54-3421, número da viatura.
Hora 22:55 min.
Hj eu fui num aniversário.
E bebi. Muito.
Condominio Peninsula, Barra da Tijuca.
Estou aqui bêbada.
Assustei-me quando vi um carro da PM parado em minha calçada, quando voltava para casa.
Meu pai matou minha mãe? Vice-versa?
Capeta matou alguém? ( Capeta é o “codinome“ do meu vizinho... kkkk)
Entao aproximei-me e perguntei ao carinha da patrulhinha: o que houve?
- ah, uma batida de carros...
Olhei, não observei nada relevante e disse:
- O senhor poderia estacionar o carro “assim“, porque “assado“ estressa os cachorros...

Ai, burguesia curiciquence... só rindo demais... kkk
Entrei. Sentei aqui e percebi a merda.

Saí e cheguei na viatura. O PM, estressado, apertou entre os olhos...
- Vcs querem água?
O carinha me olhou junto aos metidos na confusão e disse...
- Ahn?!(entendi o que ela disse?!)
- Ah, eu falei e entrei e falei, mas tô bêbada e nem quis saber... hj é feriado.... vcs querem água? mate? qq coisa? ficar aqui em ocorrência é foda... querem qq coisa?
Ele agradeceu e continuou dentro do carro. Disse que já tinha apagado as luzes que podia e que não, não queria nada... Agradeceu.
Entrei, eles estão lá.

Que coisa...
é chato lidar com as pessoas... eu sempre me esqueço.
Inclusive de não nivelar ninguém por baixo.





Toda errada....

Ogunhê! Patacori Ogum!


Sei que é sincretismo, mas se não é hoje, quando será?
Ogum/São Jorge são as maiores provas de que o sincretismo é a religião oficial de grande parte dos brasileiros. Cariocas então, nem se fala...
Antes de saudarmos o santo católico da Capadócia... vamos a seu correspondente mais velho, e tão guerreiro quanto...



Filho de Oduduia, rei de Ifé, Ogum tornou-se rei após uma inexplicável cegueira que acometeu seu pai. Galante e namorador foi marido de Iansã, Oxum e Obá, futuras esposas de Xangô.

Durante seu reinado apossou-se da cidade de Irê, matando o monarca e colocando seu filho no trono, voltou à sua terra e durante anos reinou com tranquilidade. um dia resolveu voltar a Irê para visitar o filho. Após uma longa viagem deparou-se, no entanto, com uma cerimônia religiosa, muito conhecida na época, na qual se exigia que todos mantivessem absoluto silêncio.

Sem lembrar-se desse preceito, saiu pelas ruas tentando falar com alguém sem obter nenhuma resposta. Com fome e sede, andou irritado pela cidade sentindo-se desprezado. Em vários lugares encontrou vários potes de vinho, mas ao abrí-los viu que estavam todos vazios. Isso o deixou mais nervoso, então tirou a espada e começou a quebrar tudo que estava a sua volta. Os habitantes, mesmo em silêncio, tentaram controlar sua fúria. Mas quem segura a ira de Ogum?

Todos foram degolados e quantos mais chegavam, mais mortes ocorriam. A cidade cobriu-se de sangue e luto. Passada a cerimônia, veio o filho e explicou-lhe o que havia ocorrido. Ninguém o desprezara, ali todos o amavam, fora um mal entendido ocasionado pelo tabu religioso. Ogum desgostoso pelo que fizera chorou muito e arrependeu-se profundamente de haver matado tantos súditos do reino. E tão ferido ficou com o acontecido que pegou sua enorme espada e cravou-a no chão com imensa força. Ouviu-se um grande estrondo e Ogum desapareceu nas entranhas da terra, tornando-se assim orixá.

Salve Jorge



É lugar comum... é dia de Jorge... a cidade está em festa... não dá pra ignorar.
Uma bela canção a São Jorge... porque Ogum é outra parada...

Jorge Da Capadocia

Jorge sentou praça na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos, não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos e nao me vejam
E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal

Armas de fogo,meu corpo não alcançará
Espadas, facas e lanças se quebrem, sem o meu corpo tocar
Cordas, correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge

Jorge é de Capadócia, viva Jorge!
Jorge é de Capadócia, salve Jorge!

Perseverança, ganhou do sórdido fingimento
E disso tudo nasceu o amor
Perseverança, ganhou do sórdido fingimento
E disso tudo nasceu o amor

Ogam toca pra Ogum
Ogam toca pra Ogum
Ogam, Ogam toca pra Ogum

Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia

Tuesday, April 22, 2008

antes da barbárie... flores... alguns de nós merecem...

O tempo está nublado, mas muito, muito abafado

Tem um tempo que eu não passo por aqui. Os motivos são os mesmos: preguiça, falta de asssunto,
falta de saco para escrever, falta de tempo.
Em meio a um feriadão, estou atolada de trabalho.
Realmente, poderia escrever sobre vários assuntos que vem enchendo nossas mentes, entupindo nossas caixas de e-mail, socando nossas cabeças pela imprensa. A começar a dengue e o caso Isabela.
Tento não acompanhar nem um, nem outro. Muita lobotomia, terror e pouca solução. Só a barbárie, tanto de autoridades quanto do cidadão comum.
No post abaixo, colei um escrito do Aydano Mota, lá do Globo on Line, sobre o que passamos agora.
Concordo com cada vírgula, cada palavra postada por ele. E, infelizmente, me recordo de uma frase que disse este domingo, em meio a uma discussão sobre Brasil e brasileiros: povinho de merda, país de merda, justiça de merda, governantes de merda. E que venha o carnaval.

o globo on Line: http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/chopedoaydano/

Enviado por Aydano André Motta - 20.4.2008 | 22h50m
Tem hora que desanima

A justiça das pedras

O que foi, Deus do céu, aquele espetáculo de histeria, na porta do 9° DP, em São Paulo, durante o depoimento do pai e da madastra da menina Isabella, na sexta-feira? A multidão em fúria, a clamar por linchamento, a xingar e pichar muros com acusações e ofensas aos suspeitos e, pior, a todos os seus parentes, amigos e advogados, só feriu mesmo - profundamente - a noção de estado democrático de direito, que, a gente constata a cada evento do tipo, ainda engatinha, sem a menor firmeza, no Brasil. Tristeza, muita tristeza.

Atiraram uma pedra, no carro que conduzia o pai e principal suspeito pelo crime terrível, e acertaram nossa sociedade inteira, cada vez mais mergulhada numa intolerância que jamais conduzirá à virtude. Foi gente de perto e de longe, berrar por justiça, se esgoelar pelo martírio dos réus que já condenaram, no rito mais sumário. Ninguém quer esperar, todo mundo tem pressa. Pouco importa se não houver certeza absoluta de que a verdade é o que reivindica a maioria.

E o poder público fez sua parte - montou cordões de isolamento e até instalou banheiros químicos, para garantir à platéia as melhores condições na hora de assistir ao espetáculo. Teve, inacreditável, bolo e parabéns pelo aniversário da menina assassinada - além, claro, do protocolar comércio informal de comes e bebes, obrigatório em aglomerações de todo tipo. O circo armou-se completo, em pleno dia útil da maior cidade da America do Sul.

A lição que não interessa a ninguém ensina que o bafafá da sexta-feira paulistana descreve, de maneira eloquente, como vai mal o Brasil. Temos motivos de norte a sul para nos revoltar - sem sair do assunto, morrem duas crianças, como Isabella, coitada, assassinadas por dia no país. E mais milhares de jovens, principalmente pobres, principalmente pretos, nos guetos de nossas metrópoles. Mas por eles e por elas, só choram seus parentes e amigos. Ninguém mais liga a mínima.

Os brasileiros escolheram a intolerância. Picham a casa dos pais dos suspeitos, como se eles fossem responsáveis pelo crime que lhe atravessou as vidas, levando a neta de apenas cinco anos. Entendem como ofensa a democrática presunção de inocência - aquela, do "todo mundo é inocente até prova em contrário" - e, ao berrar por justiça, clamam, na verdade, por justiçamento.

Parágrafo que será ignorado pela insensatez que também grassa por aqui, na caixa de comentários: o blog não está defendendo a inocência de assassinos, nem tenta acobertar marginais, tampouco conforma-se com a impunidade. Não, de jeito nenhum. Só entende que da insensatez não nascerá um país justo - aquele que todo mundo de bem deveria buscar.

Chico Buarque, que sabe tudo, constatou, numa entrevista alguns anos atrás, que o Brasil vivia um certo "direitismo de salão". Como um dia foi chique ser de esquerda, hoje é bacana ser de direita, fazer piada racista, diminuir e espezinhar os desvalidos. Foi modesto, o poeta. Vivemos, sim, uma era de individualismo, intolerância, egoísmo, covardia, preconceito. Muito além de matizes políticos.

A democracia em sua plenitude, com cidadania para todos, é algo difícil de se construir. Exige paciência, grandeza, tolerância, boa vontade, convicção. A sociedade do olho por olho, do insulfim, das grades, das guaritas, do trânsito selvagem, da agressividade nas ruas e violência nas arquibancadas - a sociedade brasileira - ainda tem um longo caminho até lá.