Friday, May 28, 2010

Vida nova

Dois meses depois, muita coisa mudou.
O horário é dele, sempre. Eu tento me adaptar e na maior parte das vezes, consigo. Só tento me impor na hora de colocá-lo para dormir à noite e tenho me saído muito bem, já são 2 semanas indo para o berço entre onze e meia-noite e acordando entre cinco e seis da matina.
Já voltei pra yoga e tenho ido sempre que possível, dividindo a ajuda entre Sunday e minha mãe. Só deixei de ir uma vez.
Minha vida acadêmica também está indo. Artigos, leituras, reuniões, tudo com seu tempo, pouco é claro, mas não posso dizer que estou parada. Só não consegui ainda voltar a estudar francês. Mas é uma questão de tempo.
Meu jongo rola quando tem babá. Sunday ou meu pai, invariavelmente. Hoje, por exemplo, não rolou. Vamos fazer viagens, conhecer quilombos, dançar por aí. Quero ele junto, assim que der para ele começar a ir, sempre que possível.
Anthony tem dias e dias. Dias em que dorme muito, dias em que dorme pouco. Manhãs sempre bem humoradas, noites sempre enjoadas. As variantes são as tardes.

A média final vocês devem saber, me conhecendo ou não. É positiva.
Não tenho mais dores, sono, me acostumei com o cansaço, consegui tirar um tempinho para mim que me relaxa e me ajuda a lidar com os momentos complicados, como os das cólicas.
E já não me acho uma péssima mãe. Acho que sou ótima. Minha auto-estima alcançou a maternidade.
Está tudo perfeito. É um momento maravilhoso. Tudo é perfeito.
Não rola esse papo de padecer no paraíso. Cada dificuldade é um aprendizado.
Ser mãe é tudo de bom!

Thursday, May 27, 2010

Descobertas


Uma coisa é verdade no romantismo acerca da maternidade. Todo o cansaço, dor passam quando ele faz aquele barulhinho no berço e você o pega. Ele pequenino, com aquele cheiro característico de neném. Aquela massinha quente, cheirosa e que confia em você incondicionalmente. E a quem você ama acima de si mesmo.

Nova função

O romantismo da maternidade... o terror da maternidade.
Eu não sei de quê eu tinha mais pavor. De não conseguir fazer as coisas direito, de não conseguir dormir, ou de simplesmente dormir como uma mãe desnaturada, não identificar os sinais que o bebê dá...
As primeiras semanas foram um misto de pouca preocupação, medo de estar se preocupando pouco e assim, estar me revelando uma mãe irresponsável, de muito cansaço, porque era uma nova rotina, eu virei mãe e dona de casa, e de muita preocupação: quanto tempo levaria até eu conseguir retomar minha rotina, pelo menos para continuar a estudar?

Gravidez não é legal, não tem nada de mágico. Você fica gorda, com dores, não pode beber, sua rotina muda pq seu corpo pesa, suas pernas/costas doem, quanto maior a barriga, menos horas de sono você tem. Quando o bebê nasce, você fica inchada, com as dores na cicatriz (cesárea), na hora de evacuar, não pode beber, sua rotina muda de novo, seus mamilos passam por terríveis sessões de tortura e várias vezes por dia, suas costas doem, seu sono depende da fome de uma criatura com meio metro de comprimento e uns três quilos.Você perde totalmente o controle da sua vida.

Mas eu vou contar uma coisa pra vocês. Com dez dias Anthony deu uma choradeira de pouco mais de uma hora. Chorava, chorava e chorava. Eu estava sozinha em casa. Sunday no trabalho, minha mãe com os compromissos espirituais dela, meu pai trabalhando. E ele chorava e chorava. Traduzir o que eu sentia? Desespero, frustração, pavor, inutilidade. Não conseguia ficar calma e comecei a chorar com ele, sentindo que pedia desculpas pela minha incompetência materna. Eu não era uma boa mãe.

Então minha mãe chegou. "Chorar não adianta nada.Fique calma e me dê ele aqui". Ele parou de chorar, eu me acalmei e ela me disse para amamentá-lo. Tudo voltou ao silêncio. Fomos dormir e esperar mais um dia começar.


O primeiro, de novo

Olá pessoas que pintam por aqui para ler o que eu tenho para escrever. Ou melhor, o que eu escrevo por prazer. Estou há mais de dois meses sem postar nada, mas sempre pensando em algo para postar. e o tempo passando. Uma semana depois do parto, aniversário de um mês, dia das mães, aniversário de dois meses. E nada. Hoje, vou aproveitar e falar de coisas diferentes em diferentes posts.

Devo continuar o pesnsamento do último post. O fato de Anthony não ter nascido de parto normal simplesmente deixou de ser um problema assim que a anestesia foi feita. Nenhuma picada, nenhuma dor, nada. A sensação estranha quando um médico veio por trás de minha cabeça e empurrou minha barriga fez com que qualquer tipo de preocupação desaparecesse.
Minha recuperação foi ótima. Nunca imaginei que tudo fosse acontecer de maneira tão tranquila.
Já credito que no meu caso possa realmente ter sido necessário. Sem dilatação, sem contrações, barriga bem alta e 41 semanas de gestação. Fazer o quê...

A decepção dá lugar a um outro sentimento, a outra coisa que não dá pra explicar. Seria impossível tentar fazer isso. Na sala de parto não conseguia chorar, não tinha medo, não estava ansiosa, não conseguia sentir nada, era um buraco enorme.

Parece que ele foi aberto para ser logo preenchido e transbordar e transbordar.