Thursday, May 27, 2010

Nova função

O romantismo da maternidade... o terror da maternidade.
Eu não sei de quê eu tinha mais pavor. De não conseguir fazer as coisas direito, de não conseguir dormir, ou de simplesmente dormir como uma mãe desnaturada, não identificar os sinais que o bebê dá...
As primeiras semanas foram um misto de pouca preocupação, medo de estar se preocupando pouco e assim, estar me revelando uma mãe irresponsável, de muito cansaço, porque era uma nova rotina, eu virei mãe e dona de casa, e de muita preocupação: quanto tempo levaria até eu conseguir retomar minha rotina, pelo menos para continuar a estudar?

Gravidez não é legal, não tem nada de mágico. Você fica gorda, com dores, não pode beber, sua rotina muda pq seu corpo pesa, suas pernas/costas doem, quanto maior a barriga, menos horas de sono você tem. Quando o bebê nasce, você fica inchada, com as dores na cicatriz (cesárea), na hora de evacuar, não pode beber, sua rotina muda de novo, seus mamilos passam por terríveis sessões de tortura e várias vezes por dia, suas costas doem, seu sono depende da fome de uma criatura com meio metro de comprimento e uns três quilos.Você perde totalmente o controle da sua vida.

Mas eu vou contar uma coisa pra vocês. Com dez dias Anthony deu uma choradeira de pouco mais de uma hora. Chorava, chorava e chorava. Eu estava sozinha em casa. Sunday no trabalho, minha mãe com os compromissos espirituais dela, meu pai trabalhando. E ele chorava e chorava. Traduzir o que eu sentia? Desespero, frustração, pavor, inutilidade. Não conseguia ficar calma e comecei a chorar com ele, sentindo que pedia desculpas pela minha incompetência materna. Eu não era uma boa mãe.

Então minha mãe chegou. "Chorar não adianta nada.Fique calma e me dê ele aqui". Ele parou de chorar, eu me acalmei e ela me disse para amamentá-lo. Tudo voltou ao silêncio. Fomos dormir e esperar mais um dia começar.


No comments: