Enviado por Aydano André Motta - 13.4.2009 | 16h22m
Pensar, livre pensar
Adriano e a favela
O site da turma da coluna abre orgulhosamente espaço para um artigo de Dimmi Amora, premiado repórter da Editoria Rio, e dono de um texto poderoso.
O assunto: Adriano. Orientação segura: é leitura obrigatória.
Adriano, o doente
Dimmi Amora
Adriano está doente. É o que dizem. Não consegue ser feliz fora da favela, o lugar onde nasceu mas que já não deveria ser mais de seu gosto depois de tanto dinheiro e fama que conseguiu. É o que pensam. Pois mais doente que o craque está quem imagina que Adriano não pode ser feliz na favela. E, especialmente no Rio de Janeiro, esta doença é praticamente epidêmica. É a aversão a qualquer coisa que se relacione com as favelas, uma espécie de favelafobia.
Durante uma semana, viveu-se na cidade uma comoção pelo sumiço do atleta. Ao se descobrir que ele esteve por três dias na Vila Cruzeiro, a sociedade de um modo geral foi tentar explicar seu "problema". E nas manchetes da maior parte da imprensa, verbalização do pensamento corrente, o que se viu foi um espetáculo de preconceito de quem acha que tudo relacionado à favela é ruim. O destaque era sempre para os fatos que levavam o leitor a imaginar que o atleta só estava envolvido com o que há de pior lá. Ainda que estas não fossem as informações passadas pelas fontes primárias de informações.
Um delegado deu entrevista dizendo que Adriano esteve na favela e se encontrou com traficantes, mas que o jogador não era usuário de drogas ilícitas e não tem relação com eles. O destaque foi para o encontro com os criminosos do local que nasceu. Pois bem, se você, caro leitor, vai a um condomínio de luxo, senta na piscina ao lado de um conhecido da infância que virou bicheiro, político corrupto ou banqueiro fraudador e bate um papo com ele sobre o tempo, as crianças e o passado, isso o tornará criminoso? Pois se fosse na favela e o encontro com o criminoso de lá, você viraria traficante.
A ex-atual-futuro caso do jogador diz que já foi várias vezes à favela onde Adriano estava, que dormiu com ele lá e que a Vila Cruzeiro é o lugar em que se sente o verdadeiro Imperador. E diz também que já o tirou da favela várias vezes. E o que ganha destaque é que ela já tirou Adriano da favela várias vezes, como se a garota estivesse fazendo um grande bem para o jogador mas que o pobre coitado não tem jeito: volta sempre para... aquele lugar. Estamos mal, caro leitor. Neste diapasão, a partir de agora a pelada, o carteado ou aquele chopinho do fim do dia - de onde não queremos sair e, vez por outra, somos tirados a fórceps por nossas parceiras - serão os grandes males do mundo para onde não poderemos voltar (sem preconceitos, a loja de roupa e o salão para as meninas têm a mesma função metafórica).
O fato é que depois de todos os boatos, Adriano foi a público e contou sua história. Estava deprimido, triste com suas escolhas, sentia-se pressionado pela profissão que escolheu. Decidiu se isolar em um lugar para chutar o balde. Este lugar é onde ele encontra paz de espírito, se sente bem. O lugar onde é conhecido pelo apelido, onde não é necessário usar as máscaras que precisamos para encarar os desafios da vida profissional.
Este lugar é a Vila Cruzeiro. Adriano queria soltar pipa, conversar com amigos, andar de chinelo e bermuda, culturas típicas e saudáveis da favela. Sim, favela tem cultura (entendida aqui como modos de fazer, agir e pensar) boa e cultura ruim, gente boa e gente ruim, como em qualquer área da cidade. Porque favela é um lugar da cidade, como é o condomínio fechado, a rua com cancela, o prédio de 20 andares, o bairro. Sem aceitar isso, nunca esquecendo que elas podem se integrar de forma muito melhor que hoje à cidade, vai restar apenas o delírio onírico de que num dia todas elas vão desaparecer do mapa.
Profissional da bola desde os 11 anos, quando a maioria de nós ainda não deixou os carrinhos e a bola de borracha, Adriano, aos 27, estava querendo recuperar o tempo que trocou por treinos, concentrações e viagens. Pois bem. Quando um grande empresário, executivo ou artista resolve largar tudo - pelos mesmos problemas do atleta - e vai para a fazenda do avô ou para uma praia deserta, o máximo que consegue-se expressar sobre este fato é que o personagem é excêntrico. Mas Adriano, o da favela que volta à favela, é doente.
Adriano tem um problema sim, talvez médico, e que, provavelmente, o faz abusar de drogas (que ele diz serem apenas as legais). Não está feliz com sua profissão e tudo que a envolve, incluindo aí a pressão do público e da mídia. Por este problema passam milhões de pessoas todos os dias no mundo todo. Algumas preferem se esconder na mediocridade e permanecem infelizes onde estão, mas com o dinheiro das contas para pagar sendo depositado no fim do mês. Adriano fez outra escolha. Prefere parar tudo, repensar a vida, buscar novos caminhos e começar de novo.
Se Adriano quiser voltar a ser profissional de futebol, terá realmente que fazer um tratamento. Ele terá que aprender a ser feliz na Vila Cruzeiro e fora dela também. Mas, certamente, não estará em seu receituário abandonar a favela para ficar curado. Se a escolha dele for por ser peladeiro e abrir uma birosca na favela, que seja feliz. O lugar onde cada um encontra a paz de espírito não deve ser motivo de crítica de ninguém. E para a clínica que muitos recomendaram a Adriano deve seguir cada um que não admite que alguém possa ser feliz na favela.
Wednesday, April 15, 2009
Sunday, April 12, 2009
Criação
Impressionante como não tenho nada que eu ache relevante o suficiente para sentar aqui e começar a escrever e escrever.
Estou, em parte, me achando um tatu-bola. Tenho só olhado para a porra do meu rabo mesmo e este é um momento não-egocêntrico e sim de alta produtividade e pressão para mim. Estou, mais uma vez, em um momento chave, onde volto a descobrir algumas possibilidades que achava adormecidas ou esquecidas. Nada do que é aprendido fica no caminho. Isso é fato.
Mais uma vez, estou afirmando minhas convicções e certezas. E não é tarde demais. O planejamento está de pé.
Ao som do Diogo Nogueira, vindo lá da casa do vizinho botafoguense, morrendo de cólicas, neste final de dia de Páscoa, eu sorrio e vejo o dia de amanhã com muito mais felicidades.
Poder da Criação
Não, ninguem faz samba só porque prefere
Força nenhuma no mundo interfere
Sobre o poder da criação
Não, não precisa se estar nem feliz nem aflito
Nem se refugiar em lugar mais bonito
Em busca da inspiração
Não, ela é uma luz que chega de repente
Com a rapidez de uma estrela cadente
Que acende a mente e o coração
É faz pensar que existe uma força maior que nos guia
Que está no ar
Bem no meio da noite ou no claro do dia
Chega a nos angustiar
E o poeta se deixa levar por essa magia
E o verso vem vindo e vem vindo uma melodia
E o povo começa a cantar
Estou, em parte, me achando um tatu-bola. Tenho só olhado para a porra do meu rabo mesmo e este é um momento não-egocêntrico e sim de alta produtividade e pressão para mim. Estou, mais uma vez, em um momento chave, onde volto a descobrir algumas possibilidades que achava adormecidas ou esquecidas. Nada do que é aprendido fica no caminho. Isso é fato.
Mais uma vez, estou afirmando minhas convicções e certezas. E não é tarde demais. O planejamento está de pé.
Ao som do Diogo Nogueira, vindo lá da casa do vizinho botafoguense, morrendo de cólicas, neste final de dia de Páscoa, eu sorrio e vejo o dia de amanhã com muito mais felicidades.
Poder da Criação
Não, ninguem faz samba só porque prefere
Força nenhuma no mundo interfere
Sobre o poder da criação
Não, não precisa se estar nem feliz nem aflito
Nem se refugiar em lugar mais bonito
Em busca da inspiração
Não, ela é uma luz que chega de repente
Com a rapidez de uma estrela cadente
Que acende a mente e o coração
É faz pensar que existe uma força maior que nos guia
Que está no ar
Bem no meio da noite ou no claro do dia
Chega a nos angustiar
E o poeta se deixa levar por essa magia
E o verso vem vindo e vem vindo uma melodia
E o povo começa a cantar
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