Sunday, November 30, 2008

Ataque ao Jongo da Serrinha

"SERRINHA, Capital do jongo e do samba.


SIRO DARLAN DE OLIVEIRA

PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE DEFESA DO DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE



O Rio de Janeiro está sediando o 3º Congresso Internacional de Combate às Violências sexuais contra crianças e adolescentes. E, paralelamente, a menos de 50 quilômetros do Rio Centro, a polícia dá mais uma demonstração de despreparo e desrespeito às populações mais carentes.

Assim como fizeram na ocupação violenta do Complexo do Alemão, quando deixaram todas as crianças fora das escolas por mais de 60 dias, acabam de destruir um dos raros espaços culturais e educacionais existentes em comunidades empobrecidas, ao atacarem com fúria e violência a população da Serrinha sob o pretexto, aplaudidas por alguns desavisados cidadãos, de combater os comerciantes de drogas, que por incompetência da policia de fronteiras e falta de políticas públicas, obrigação dos governos estaduais e municipais, ocupam o lugar que deveria ter sido preenchido pelo Estado.

O Jongo da Serrinha é um dos mais tradicionais grupos de cultura do país tendo recebido diversos prêmios por seu trabalho artístico e social. Com 40 anos de história, o grupo de Madureira foi fundado por Mestre Darcy e sua mãe, Vovó Maria Joana Rezadeira que, preocupados com a extinção do jongo na cidade, transformaram a antiga dança praticada nos quintais da Serrinha num espetáculo.

O Morro da Serrinha, localizado na zona norte do município do Rio de Janeiro, é uma comunidade urbana com aproximadamente 5.000 moradores na sua maioria negros. Com cerca de 110 anos de existência, a Serrinha é uma das primeiras favelas do país, tendo recebido no início do século passado um enorme contingente de escravos negros recém-alforriados. Os moradores da Serrinha constituíram um núcleo religioso e cultural potencial, visitado não só pelos moradores das cidades próximas, como também por jornalistas, artistas e turistas de vários pontos do Estado do Rio, do Brasil e exterior, interessados em cultura e tradições afro-brasileiras.

O Jongo é uma herança cultural trazida pelos negros bantos que vieram da região do Congo-Angola, na África, para as fazendas de café do Vale do Paraíba no século 19 que ficou preservado na região. Graças a uma iniciativa do grupo, o ritmo foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2005, como o primeiro Bem Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Ao transformar a antiga dança de roda num espetáculo, Mestre Darcy e Vovó Maria inovaram ao introduzir violão e cavaquinho no jongo e ao ensinar crianças a dançar, antigamente só permitido aos “cabeça branca”, criando uma nova referência do jongo na cidade e garantindo sua sobrevivência no contexto da globalização.



Em sua trajetória de resistência, o Jongo da Serrinha se transformou em uma das mais genuínas referências da cultura carioca e vem se apresentando em diversas cidades do Brasil e exterior divulgando e preservando o ritmo com espetáculos de alta qualidade.

Em 2000, o grupo criou a ONG Grupo Cultural Jongo da Serrinha (GCJS) para desenvolver estratégias de preservação da memória da comunidade Serrinha e do jongo e de educação e capacitação profissional para jovens e crianças, através da Escola de Jongo (EJ). Recebeu diversos prêmios entre eles o Escola Viva (2007), Cultura Nota Dez (2006), Cultura Viva (2006), Itaú-Unicef (2007 e 2005), Petrobrás Rival BR (2002), Orilaxé (2002) e o prêmio mais importante do Ministério da Cultura, a Medalha de Ordem ao Mérito Cultural (2003).

A ONG tem, em linhas gerais, duas missões institucionais: educar crianças e jovens através da arte e da memória e preservar o jongo como patrimônio imaterial através da produção cultural, gerando trabalho e renda.

A Escola de Jongo é o projeto sócio-educativo do Grupo hoje patrocinado pela Petrobrás, Criança Esperança e Ministério da Cultura. A Escola valoriza e fortalece laços familiares, comunitários e a identidade local, preservando o Patrimônio Imaterial do jongo criando alternativas de geração de trabalho e renda. A base pedagógica da Escola de Jongo é fundamentada na cultura e memória locais. A Escola de Jongo atende a cerca de 120 crianças e jovens, diariamente em dois turnos, com aulas de música (canto e percussão), dança (afro e jongo), teatro, capoeira angola, cultura popular, leitura e Griôs (contadores de história).

O GCJS também cria produtos (discos, livros, filmes, etc), pesquisa, reúne, organiza e produz acervo audiovisual sobre o jongo, a Serrinha e a cultura popular brasileira e africana.

Como ONG, está inserido em diversas redes do terceiro setor e conta com o apoio de vários parceiros institucionais. Para elaboração de metodologia pedagógica e planejamento estratégico participa das Redes Social da Música, Rede Circo Social e Rede de Memória do Jongo. A instituição conta ainda com o apoio da Unesco, FASE/SAAP, G.R.E.S. Império Serrano e artistas entre eles Paulão Sete Cordas, Letícia Sabatella, Sandra de Sá, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Jorge Mautner, Arlindo Cruz, entre outros.

Pois essa rara escola de cultura e tradição acaba de ser destruída pela incompetência dos policiais do Senhor Beltrame que sob pretexto de combater a violência, usando da mesma, deixou órfãos crianças e jovens que mesmo tendo sido roubados em seus direitos fundamentais de cidadania, porque lá o governo não chega com creches, educação, saneamento básico, se dedicavam a preservação de sua cultura e arte, mas tal qual o exército nazista foram atacados por fuzis e armas pesadas, enquanto se defendiam com sua chupetas, mamadeiras e o som de seus jongos e instrumentos. Até quando, Governador, insistirão nessa política de desrespeito ás crianças do Rio de Janeiro. Não seria a hora de usar um pouco de respeito e inteligência?"

Monday, November 24, 2008

Obrigada

 É.
Acaba que o dia do seu aniversário pode ser para duas coisas: festa e/ou reflexão. Quando é só reflexão, tende a ser inicialmente foi muito ruim, mas com o tempo melhora e você simplesmente espera as coisas passarem.
A festa parece que passa mais rápido, é sempre muita gente, muita atenção pra dar, aquela coisa do "quem será que vem, afinal de contas"...
Como eu faço aniversário já bem perto do final do ano, é quando as avaliações começam... mas hoje as avaliações foram mais pontuais... mais recentes...
Depois de muito tempo chove no dia do meu aniversário, nem lembro da última vez que foi assim, pra falar a verdade, não me recordo de nenhum aniversário meu com chuva. Em casa, ouvindo o barulhinho... bem melancólico este dia.
Amigos... obrigada pelo carinho, pelas lembrancinhas, pelos abraços, pelas danças, pelos scraps, pela presença em minha vida. Amo muito todos vocês, desde os que estão comigo quase que diariamente até aqueles que só vejo muito de vez em quando. Sei que nunca estarei sozinha, esta é uma certeza que tenho.
Obrigada pelo carinho.

Monday, November 17, 2008

Tudo bem!!!!!

Curioso. Dizem que existe um tal de inferno astral que se inicia não sei quantos dias antes do aniversário... duvido muito, estes dias pré-34 estão, como dizer... maravilhosos!!!!!

Monday, November 10, 2008

II Encontro de Mestres Populares na UFRJ

Entre os dia 4 e 7 de novembro realizou-se na UFRJ, prédio de Educação Física, o II Encontro com Mestres Populares, organizado pelo Cia Folclórica da UFRJ.
Desde que me aproximei do 4Esquinas venho tendo contato com algumas pessoas da Cia. Tive a oportunidade de viajar com eles para Tarituba, em Paraty, para uma apresentação de jongo, quase um primeiro show de lançamento do CD Jongo de Terreiro.
Lá em Tarituba ele realizam um trabalho de pesquisa e resgate da Ciranda. Com o encontro, tive a oportunidade de conhecer os Cirandeiros de Tarituba e, claro, apaixonar-me por eles.
Havia me agendado para ir somente na abertura, linda de morrer, mas não resisti e fui assistir e participar das oficinas de Caxambu (Santo Antonio de Pádua) e de Batuque de Umbigada (Piracicaba). Não contente, sai mais cedo do trabalho na sexta e fui também ao encerramento. Arrependi-me de não ter participado mais.

Mas vou postar as poucas fotos que fiz aos poucos.
A abertura foi um encontro de diversas manifestações culturais do pais. Devo confessar que não conheço todas as que vi e ficarei devendo alguns nomes. Se alguém conhecer, por favor, corrija.
Iniciou-se com um grupo dançando o Mineiro Pau, manifestação que eu desconhecia. O grupo encontrou-se com uma banda de rapazes e seguiram em procissão acompanhados do Boi Pintadinho pelos corredores do prédio de Educação Física. Um pouco mais a frente, vem uma bela boneca de Olinda, que passa a dançar com o Boi.



Encontramos então com um palhaço que nos introduz a festa, as manifestações e a importância do evento. Entre uma fala e outra, temos contato com o frevo...



Logo em seguida reparamos que os tocadores do frevo mudam-se rapidamente para alguns tambores e candongueiros no espaço ao lado e inicia-se uma bela demonstração de jongo, com um único casal dançando divinamente.


Quase que instantaneamente um grupo de mulheres desce as escadas entoando uma cantiga ate alcançarem uma bela reprodução de um altar de Folia de Reis, mas sem esquecer da imagem de Iemanjá no canto... O palhaço entra na folia e duela com as cantoras...


E é ele quem nos leva para dentro do espaço da Cia Folclórica para sermos recebidos por uma belo trio de Maracatu que, acompanhados dos tocadores fazem bela demonstração, preparando terreno para o encerramento: um casal de mestre-sala e porta-bandeira trazendo-nos para nossa manifestação mais presente. Fico devendo fotos dos casais.

O dia terminou com uma ciranda e uma demonstração do grupo de Fado de Quissamã. Um dia de grande aprendizado. Mas a semana me guardava ainda muito mais.




Quinta-feira acordei bem cedinho e parti para o Fundão, não queria perder nada naquela manhã, já que a tarde estava destinada para outras cousas...
Com um estressante atraso, ainda mais para quem havia dormido pouco, graças ao Beco do Rato, iniciaram-se as oficinas. Fui para a do Batuque de Umbigada de Fogo Verde, Piracicaba. Grande Mestre Dado e suas meninas. Foram instantes de êxtase! A umbigada no batuque não é aquela “meia” umbigada do jongo, e umbigada mesmo... no inicio parece estranho, mas com o tempo me acostumei...
O momento chato foi um participante da oficina, membro da Cia Folclórica tentar fazer intriga entre Mestre Dado e outra pessoa do Fogo Verde. Bom e saber que o grupo da Cia é muito melhor preparado do que aquele rapaz.

Dei uma fugidinha para assistir a oficina de caxambu de Santo Antonio de Pádua, que me deixou bastante intrigada.
Não conhecia o caxambu, sempre tinha achado que era algo bem próximo ao jongo. Mas o de Santo Antonio de Pádua é bastante aberto, sem passos marcados e propiciando aos participantes bastante liberdade na hora de dançar. Gostei muito, mas só pude curtir mesmo o grupo na sexta, durante o encerramento.













A sexta foi muito especial. Todos os grupo se encontraram no espaço da Cia, já que a chuva que havia caído durante a noite impediu que a festa acontecesse do lado de fora, ao lado de uma grande fogueira. Mas foi linda. Cada grupo apresentou-se um pouco e todos pudemos dançar com eles. Afinal, após dois dias de oficina, todos já sabíamos dançar tudo, não é mesmo?





Sunday, November 9, 2008

Black power

Essa vitória do Obama trouxe toda uma discussão racial entre pessoas que talvez nunca tenham tocado no assunto a não ser para dizer que 'gosta tanto de negros que a empregada até é uma mulatinha'...
Eu, esta semana, ouvi de acadêmicos que o Obama não é negro, que o mundo esta mais uma vez caindo no discurso norte-americano, porque ele é mulato... Jah que o perdoe... ou melhor, Jesus Cristo, e aquele bem loirinho de olhos azuis.
Mas não quero entrar na discussão do é ou não é negro, mas sim de outras perspectivas. Nos dois ultimos dias li duas reportagens que achei bastante interessantes e as divido com vocês. Aos que não lêem inglês, sorry.
Uma esta no link:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/7711767.stm

e a outra:
http://oglobo.globo.com/pais/moreno/post.asp?t=negros_correm_mais_riscos_de_serem_assassinados_revela_saude_brasil&cod_Post=138754&a=27

As duas estão reproduzidas abaixo. Bom final de domingo.

Embracing African roots in Jamaica

Page last updated at 13:16 GMT, Saturday, 8 November 2008

Embracing African roots in Jamaica

The BBC's African Perspective programme is investigating what life is like for some of an estimated 20 million Africans who live in the diaspora.

Nick Davis in Kingston finds out what made some Africans voluntarily make the former slave island of Jamaica their home.

Christopher Columbus landed on the beach at Rio Bueno on Jamaica's north coast in 1494 and forever changed the history of this island.

The Spanish arrived and brought the Africans with them. They imported slaves throughout their 160-year stay and the practice continued under British rule.

Jamaica's national motto is "Out of many, one people" - a description of the island's multi-ethnic background.

But with over 90% of the 2.6m population being black, the country looks African.

But does it feel African?

"It looked like home to me when I first arrived. Sometimes I'd make a mistake and speak to people in my Ghanaian language and then I'd suddenly realise, this isn't a Ghana," says Sophie Dawes who grew up in what was formerly called the Gold Coast, now Ghana.

'Jamaica heads, Nigeria tails'

The 74-year-old grandmother met her husband - a well known Jamaican academic and writer, Neville Dawes - when she was at university in Ghana. They eventually moved to the West Indies with their young family more than 40 years ago.

We basically tossed a coin and said where do we go? Jamaica heads, Nigeria tails
Nigerian Olalekan Abbass


For Olalekan Abbass who came from Abelkuta in Nigeria's Ogun state it was a similar story. He met and married his wife Arlene, who is Jamaican, in London but they had a dilemma.

The look to the motherland started in the years of slavery. Traditions, rituals, religious beliefs and even language were all reinforced by the waves of Africans shipped in to keep the island's sugar plantations going.

But after emancipation, it was not really until Marcus Garvey during the 1920s and 1930s that an island with wider black consciousness took hold.

He told his supporters to "look to Africa", and his message and his calls for repatriation were taken up by descendants of African slaves and became the cornerstone of a new religion, Rastafari.

Miles away

"I was in college in America and whilst studying I became friends with a good brother, he would say to me why are you acting Jamaican, but I would say to him, why are you acting like an African?" says Makonnen who came from Guinea Bisseau and is a follower of Rastafari.


Makonnen's dreadlocks are covered under a wicker hat.

He is always well dressed but this is a special day. He is in a silk shirt.

The face of Ethiopia's Emperor, Haille Sellasse is proudly emblazoned across it.

Today would've been the 116th birthday of His Imperial Majesty - the most important date for Rastafarians.

He works as a herbalist and a counsellor out of a health food store in Ocho Rios, a busy resort town on Jamaica's north coast but he has taken some time off to show me what reminds him most of home.

We head to a little fishing village. As we arrive the boats are heading back from sea. A scene that Makonnen says is repeated thousands of miles away in Africa.

Shared love of food

"The whole scenario here is about the fisherman - they go out in these little locally made boats, they bring in the catch and it has been cleaned.


Africans Abroad: Part II

"The way the huts are built, look it's just like Africa. They cook the sweetest seafood right here and down the road they turn cornmeal into what we call fufu."

A love of food is something that both African and Caribbean people share. And for the people who have made Jamaica home, many of the dishes are not that foreign.

"The food is very similar to what we eat in Nigeria. There's a little difference in how it's prepared but it's so close; the ingredients are the same. I went to the doctor the other day he said you need to change your diet.

"I said change it to what? Everything they have here is the same as what we eat back home," says Nigerian Olalaken Abass.

"Nigerians talk about nyam - to eat, and Jamaicans say the same word in Patois [Jamaican creole language] so there's lot of similarities in how we speak," says Sophie Dawes

Like wildfire

Jamaicans are slowly identifying with African culture


But despite some of the cultural and historical links between Africa and Jamaica some people do not want to accept the link.

"Some of my students sometimes don't seem very proud to be called African, they associate the place with poverty, starvation. They often think who'd wanna be an African," says Barry Chevannes, an anthropologist at the University of the West Indies.

But Olalaken says that the people in Jamaica need to look beyond the poverty, corruption and HIV and Aids headlines to the real Africa.

By doing so, they will be able to more easily embrace their African roots.

"There needs to be a little bit more of an introduction to the real African culture. Recently the Jamaican public have been watching African movies which have caught on like wildfire - they haven't seen things like this before and slowly they are identifying with African culture."

Jorge Bastos Moreno - O Globo

7.11.2008 | 16h13m

RELATÓRIO
Negros correm mais riscos de serem assassinados, revela Saúde Brasil


O dia 23 de dezembro de 2003 vai ficar marcado para sempre na vida de José Jocimar Moraes da Silva. E também no seu corpo. Quando comemorava o seu vigésimo sexto aniversário, Marabá, como é conhecido, teve sua festa invadida por três pessoas que o esfaquearam duas vezes e o agrediram a pauladas. Desmaiado, foi levado para o hospital, onde ficou três meses para se recuperar de danos nos rins. Ao receber alta, pegou uma mochila e, a pé e de carona, cortou os 1.682 km que separam Marabá (PA) e Brasília. O jovem, negro, que havia estudado apenas até a quarta série fugia da violência.

— Eu não confio em ninguém. Se você confiar, sabe que vai ser traído. Não confio nem na polícia, nem na Justiça. São tudo uns traíra— diz Marabá, hoje com 38 anos, lavador de carros em um movimentado estacionamento do Plano Piloto, em Brasília.

Marabá engrossa as estatíscas apresentadas pelo ministério da Saúde ontem, no relatório Saúde Brasil 2007. O documento revela que pessoas de raça negra têm três vezes mais risco de serem assassinadas que as demais. O estado onde essa tendência é mais forte é a Paraíba, onde os negros têm nove vezes mais chances de serem assassinados que os brancos. Em 2005, a taxa de homicídios entre negros paraibanos foi de 30,2 para 100.000 habitantes, enquanto entre os brancos o índice foi de 3,3 assassinatos. Em seguida vem Alagoas e o Distrito Federal, com risco quase seis vezes maior para os negros do que para os brancos. No país, enquanto apenas 36,1% dos brancos morrem antes dos 70 anos, quase metade dos negros (48,9%) morre antes de chegar à terceira idade.
Para o ministério da Saúde, os dados ilustram a ainda presente desigualdade social no país.

— A raça funciona como variável do nível sócio-econômico, que, no caso dos negros, os predispõem a um maior risco de morte— avalia o diretor do Departamento de Análise de Situação da Saúde do ministério, Otaliba Libânio.

Marabá, que largou duas filhas com quem nunca mais teve contato, a mãe e o pai, conta que sempre conviveu com a violência em casa. Membro de uma família com 24 filhos, ele diz que o pai, alcoolizado, costumava bater na mãe e nos filhos. A falta de oportunidades o levou a deixar a escola e arrumar um emprego no lava-jato do bairro de Cidade Nova, periferia de Marabá.

— Na cidade onde eu morava, só arrumava emprego bom quem tinha peixada.

Há doze anos em Brasília, Marabá pensa em um dia voltar para o Pará, mas diz estar feliz na capital federal, onde mora na cidade-satélite de Taguatinga com a mulher.

— Aqui tô me virando melhor que lá, tem mais emprego e não tenho inimigos, graças a Deus. Aqui é muito menos violento. Marabá é perigoso.

Monday, November 3, 2008

Estou lendo uns textos na net sobre conflitos na Africa. Estou encontrando coisas bem legais:
http://www.africanidade.com/articles/754/1/Conflitos-africanos-envolvem-mAltiplos-factores-/Paacutegina1.html
Mas se estiveres com preguica... leia o texto abaixo:

Conflitos africanos envolvem múltiplos factores
Por Africanidade Publicado 10/04/2008 Coluna de opinião

Guerras tribais, genocídios, diversidade étnica. Essas são algumas das ideias que vêm à cabeça quando se pensa nos conflitos do continente africano. Mas, ao se considerar apenas o factor étnico como causa, perde-se a chance de compreender cada conflito, considerando múltiplos factores. "Muitas podem ser as causas determinantes e, mesmo que existam algumas que são comuns à maior parte dos conflitos, sempre há especificidades", ressalta Pio Penna Filho, historiador e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMG).

Em conflitos como o de Ruanda, por exemplo, prevalecem factores étnicos. No Sudão, factores religiosos. No caso recente do Quénia, questões políticas e de poder assumiram maior importância. "Cada conflito deve ser estudado nas suas características próprias, inclusive, analisados em perspectiva histórica, para que possamos melhor compreendê-los. Não acredito em generalizações, ainda mais quando se trata de um continente tão amplo e diversificado em termos culturais como o africano", diz o historiador.

A escassez de recursos, associada ao aumento da demanda por parte de uma população pobre e, em muitos casos, miserável, são elementos que pesquisadores consideram relevantes para pensar nos conflitos africanos. A incapacidade dos governos atenderem essas demandas provoca, por vezes, uma reacção violenta por parte de sectores sociais que se sentem abandonados pelo Estado. O prolongamento dos conflitos nos Estados, também tem sido associado à possibilidade dos grupos rebeldes se “auto-financiarem”, como foi o caso de Serra Leoa e Angola (nos quais os rebeldes controlavam minas de diamantes). “Vale lembrar também que durante a década de 1990, a mais violenta para a África no período pós-independência, havia muito armamento disponível no mercado internacional e a preços relativamente baixos e quase sem nenhum controle internacional”, esclarece Penna.

A combinação entre os múltiplos factores complica a possibilidade de uma explicação simplista dos conflitos. Paulo Fagundes Visentini, professor de relações internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador do Centro de Estudos Brasil-África do Sul, diz que a falta de desenvolvimento económico, o traçado artificial das fronteiras e a dimensão inviável de muitos países, legados pelas potências europeias, potencializam as contradições normais do continente. Para ele, os conflitos são deformados pelo colonialismo e neocolonialismo, que, desde o fim da Guerra Fria, vêm adquirindo uma dimensão propriamente mais africana.

Durante a Guerra Fria, a África (com excepção da África Austral) foi influenciada pelas ex-metrópoles, mas, com a globalização, a Europa perdeu enormemente sua influência e os EUA apareceram com a agenda da segurança anti-terrorista. Nesse contexto, países como a China, o Brasil e, mais recentemente, a Índia, surgiram como grandes protagonistas. Visentini, em seu artigo “A África nas relações internacionais”, faz uma análise da evolução diplomática dos países africanos, desde o fim da Guerra Fria até a actualidade e mostra que as sociedades passam por um processo que se aproxima do atravessado por outras regiões do mundo, ou seja, a construção dos modernos Estados nacionais.

O fim da Guerra Fria e o avanço do processo de globalização redimensionaram as relações internacionais e atingiram os Estados mais fracos do planeta, sobretudo os africanos. A perda da importância estratégica que a África possuía enquanto vigorou aquele sistema, somada às mudanças estruturais que afectaram a economia mundial nas duas últimas décadas do século passado, e que continuam em progresso, são factores considerados relevantes.

Do ponto de vista económico, tirando a República da África do Sul e, em menor grau, a Nigéria, os Estados africanos são exportadores tradicionais de matérias-primas e produtos agrícolas, ou seja, são primário-exportadores. “Tudo isso leva a escassez de recursos por parte do Estado e, nesse contexto, a corrupção – quase epidémica na África – promove um desastre ainda maior. As elites africanas têm grande culpa por conta da desagregação social de seus países”, diz Penna.

Para o historiador da UFMG “a estrutura da economia mundial desenhada pelos países mais ricos acabou afectando o continente africano mas, nesse sentido, as consequências também foram globais”. Há ainda uma crítica muito forte ao proteccionismo e aos subsídios agrícolas praticados pela Europa e pelos Estados Unidos que ajudam a afectar o quadro económico africano. Esquecer que “a África foi partilhada pelos europeus no século XIX e que os actuais Estados africanos foram modelados pelos interesses europeus, que não levaram em consideração características étnicas e culturais regionais” é não dar visibilidade para as influências das relações internacionais no continente africano em diferentes épocas, que deixaram um legado comprometedor.

Conflitos recentes

O caso do Quénia revela uma face da política na África: a falta de democracia. Embora o quadro esteja começando a mudar, ainda é cedo para afirmar que os africanos aderiram convictamente à democracia. “A tendência é que o processo de violência seja contido. Mas ficou o alerta de que a tolerância com a falta de democracia e com as desigualdades sociais e regionais tem um limite”, diz Penna.

Já no caso do Sudão, Penna assusta-se em ver como a comunidade internacional tem deixado repetir um processo de genocídio perpetrado com a anuência do governo sudanês. “Daqui a pouco iremos assistir políticos ocidentais dizendo que não sabiam da gravidade do que estava acontecendo por lá, exactamente como ocorreu em Ruanda em 1994. Mas a
verdade não é essa e todos sabem exactamente o que está acon
tecendo em Darfur”, acredita.

As lideranças regionais

A África do Sul emerge como uma nova liderança africana. Visentini explica que, governada por um vigoroso e internacionalmente legitimado movimento de libertação nacional anti-racista, com a emblemática figura de Nelson Mandela, a África do Sul voltou a se inserir política e economicamente na África, com capacidade de liderança, conhecimento do continente e uma rede de transportes e energia que a conectam directamente com a metade sul do continente. “Através da União Africana (UA), Pretória tem sido uma incentivadora de soluções africanas aos problemas africanos, inclusive com forças pan-africanas de interposição”, diz Visentini.

A África do Sul tem a economia mais avançada e diversificada da África e possui um regime democrático e uma estabilidade política pouco comum no continente, mas existem muitas divergências entre suas lideranças e as de outras partes do continente, principalmente quando o assunto é estabilizar regiões em conflito. A participação desse país ocorre no espaço da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Além disso, o papel da África do Sul no continente está directamente ligado à transição do apartheid para a democracia, sem que a violência tenha resultado numa guerra civil generalizada. “Papel central coube ao carisma e à liderança de Nelson Mandela como fonte de inspiração e reserva moral para todo o continente”, lembra Penna. O outro bloco regional mais activo em termos de segurança regional é a Ecowas, Comunidade dos Países da África Ocidental, que chegou a criar uma força regional de segurança chamada Ecomog e que actua em vários conflitos regionais. “A liderança, nesse caso, coube à Nigéria. Muito mais activa que a África do Sul”, diz.

Apoio internacional

Muitos organismos internacionais oferecem ajuda humanitária aos países africanos, mas esses auxílios e contribuições nem sempre são vistos de maneira positiva. Há críticas que ressaltam os prejuízos que a “ajuda” causaria, por reforçar a passividade, vir acompanhada de interesses geopolíticos e decisões externas, sem participação do povo africano, sobre onde, como e quando aplicar recursos. Para Vicentini, “seria melhor fornecer recursos à UA para que eles administrassem os recursos. Além disso, a ajuda tem uma visão distorcida dos problemas e suas causas”.

Já Penna considera fundamental o papel dos organismos internacionais, principalmente a Organização das Nações Unidas e diversas Organizações Não-Governamentais (como Médicos Sem Fronteiras, Human Rights Watch, Oxfam). “Sem elas a situação seria de abandono total para as pessoas que vivem nas zonas de conflito ou em regiões remotas onde o Estado é praticamente um ente desconhecido. Essas pessoas estariam abandonadas à própria sorte, ou melhor, à completa falta dela”, diz. Essas organizações preferem actuar directamente nas áreas onde cessou o conflito e que são mais carentes de suporte porque a credibilidade dos governos africanos é muito baixa ou quase nula. “A experiência recente indica que boa parte dos recursos que foram repassados para os governos africanos não foram aplicados de maneira correta, ou seja, em bom português isso significa que foram desviados. Dessa forma, existindo condições de segurança para as equipes de ajuda humanitária, elas se fazem presentes. E isso foi e continua sendo fundamental para milhares de pessoas que não podem contar com seus governos nacionais”, acredita.

Em busca de soluções

Os conflitos do continente africano suscitam questões relacionadas à sua resolução, mas não há um consenso entre pesquisadores sobre esse assunto. Visentini acredita que existam soluções a curto e médio-prazo, pelo menos para parte deles. Segundo ele, a mídia acompanha os conflitos que se agravam, mas silencia sobre os que são negociados ou solucionados. “Os africanos têm criado mecanismos próprios para a resolução de conflitos e se encarregado de várias forças de paz e negociações”, explica.

A Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano (NEPAD), com recursos sul-africanos, nigerianos e líbios, possibilitará maior estabilidade económica e a geração de empregos e obras de infra-estrutura. Além disso, a associação com Índia, Brasil e China cria um contra-peso para que não haja excessiva interferência externa em problemas locais, geradores de conflitos. “A África ainda é parecida com a Europa dos séculos XVII e XVIII, quando se formavam os Estados nacionais, mas a integração em marcha (SADC, SACU, ECOWAS e outros) deve auxiliar o continente”, estima Visentini.

Já Penna avalia que dificilmente haverá uma solução em curto prazo para os conflitos africanos. “Embora aparentemente o pior já tenha passado, há ainda um longo caminho a ser percorrido para que esse quadro seja superado. Isso porque não se acaba com a pobreza, a miséria e as desigualdades sociais como num passe de mágica”, diz. O combate à corrupção é apontado como uma das posturas que as lideranças africanas precisam enfatizar. Com um sistema económico mundial que não colabora, a solução para os problemas africanos, para Penna, precisa vir da própria África, de suas lideranças e de seus povos, e de mudanças na forma como o mundo fora do continente africano relaciona-se com ele.

“É preciso que a dita comunidade internacional não deixe que situações controláveis como a de Ruanda voltem a acontecer. Em grande parte foi por inoperância da comunidade internacional, principalmente da ONU, que o genocídio em Ruanda ocorreu em 1994. Infelizmente essa é ainda uma incómoda realidade. Enquanto muito se discute na ONU muito pouco está sendo feito em termos práticos para estancar de vez um novo genocídio que vem ocorrendo na actualidade na região de Darfur, no Sudão. É preciso, portanto, agir. Para isso falta o que chamamos de vontade política”, finaliza.

As análise sobre os conflitos africanos, por sua vez, devem levar em conta a multplicidade de factores e suas diversas composições. Os conflitos afectam a vida das pessoas em múltiplos aspectos, tanto para aqueles que permanecem em suas terras, quanto para aqueles que são forçados a se deslocar.
Nereide Cerqueira - ComCiência

Humor e sacanagem

Sim, eu sei que devemos utilizar a net para pesquisas, para falar com os amigos, tudo para facilitar os contatos e tal...mas tem cada sacanagem boa de se ver....

Visitem se tiverem estomago e bom humor: http://blogdapga.blogspot.com/

Sunday, November 2, 2008

Je danse!!!!

Como já postei dias atrás, as últimas duas semanas foram extremamente cansativas.
Mas para fechar esses dias de labuta braba, caramba, eu merecia um belo encerramento, não é? Cercada por pessoas que eu gosto e fazendo o que mais tem me relaxado ultimamente: dançar.
E não sei se isso é tao bom assim... rsrsrsrs
Mas então... comecou com a roda de jongo da Lapa, com Bárbaro e todo o povo do 4 Esquinas. Foi muito bom, estava tão cansada do ultimo dia de eleições na escola que não parei de dançar um minuto!
Sexta Fui ao Fundão para conferir a roda cultural da Cia Folclorica da UFRJ. Novamente dancei tudo o que podia!
Esticamos para a Lapa, Beco, né? Sambinha pra continuar a noite.
Mas quem passa pelo meu caminho? O Rio Maracatu, que por muito tempo foi meu sonho de consumo. Sério, sempre quis dançar no grupo, mas sem saber dançar, recolhi-me a minha insignificância.
De cara vi uma velha conhecida de UERJ, uma das bailarinas do RM e fui falar com ela. Dois minutos depois estava ela com a minha bolsa e eu vestindo sua saia. Acreditem se quiser, acompanhei o cortejo desde os Arcos ate a Fundição... dançando com as bailarinas... morri, né? Tudo bem que hoje os tempos são outros, estou pacientemente aprendendo a dançar tudo o que posso... jongo, coco, tambor... mas não podia me ver no meio do Rio Maracatu!!! Valeu Alineeeee!!!!
Depois esbarrei com o Mariocas, final de cortejo e finalmente... Beco do Rato.... ufa!!!!
Eita final de semana bom!!!
Dia desses eu posto fotos, estou sem nenhuma, ok?