Wednesday, July 30, 2008

Socorro

Sei que a onda nao é essa, mas já foi, há muito tempo... nao custa nada ler e cantarolar essa bela música do Arnaldo Antunes

Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir...

Socorro!
Alguma alma
Mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...

Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate
Nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena
Qualquer coisa!
Qualquer coisa
Que se sinta...

Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Qualquer coisa
Que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...

Socorro!
Alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento, encruzilhada
Socorro!
Eu já não sinto nada...

Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Nem vontade de chorar
Nem de rir...

Socorro!
Alguma alma
Mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada...

Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate
Nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena
Qualquer coisa!
Qualquer coisa
Que se sinta...

Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Qualquer coisa
Que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...

A inveja

Eu sei que tenho andado sumida, nada em especial. Estou com dificuldades com o computador e iniciando novos estudos, conhecendo pessoas novas.
Nao,nao está sendo um bom momento, muito pelo contrário.
É um momento em que várias coisas voltam à minha mente e estou avaliando-as.
Acho que estou com sérias dificuldades em aceitar certas coisas, certos erros de pessoas que por muito tempo deixei para lá, afinal, cada um sente diferente, cada um vive de uma maneira diferente.
Hoje um amigo me disse umas coisas que ficam batendo no meu cérebro e nao consigo pensar que ele está totalmente errado. E isso é muito ruim.
É.
Estou num momento ruim, mas ao mesmo tempo, um momento construtivo para mim.
Vencendo cetas barreiras, iniciando novas jornadas e pensando na vida, seja isso bom ou ruim.
Essa primeira metade de ano, que já foi embora, foi muito confusa... tive muitos momentos como esse e nunca parei para avaliá-los.
Fora a questao material, o ano está sendo muito ruim.
Lembro das pessoas dizendo que o ser humano é uma farsa, que é mole estar na merda e fingir que está tudo bem. Às vezes acho que estou fazendo muito bem esse papel.
Ou sempre ou agora, com essa agonia toda que está me mantendo acordada.
De fora para dentro ou de dentro para fora? Como saber?
E se olhares em volta e sentires inveja, o que isso quer dizer?

Imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f3/Inveja_covarrubias.jpg

Wednesday, July 16, 2008

La vie en rose

Uma pausa das lágrimas do medo e da tristeza para as lágrimas pela arte.

Conheci Edith Piaf há uns 7 ou 8 anos. Comprei ali na Treze de Maio, ou melhor, naquela rua ao lado da Biblioteca Nacional uma coletânea de nome “Embrasse-moi“, de 1996, com gravações que iam desde 1936 até 1945. Apaixonei-me por aquela voz e aquele jeito emocionado de cantar, aquela orquestra por detrás... e arranhava meu “francês“ com maravilhas tipo “Un monsieur me suit dans la rue“ (1943), “Histoire de coeur“ (1943), “C‘est un monsieur tres distingué“ (1941), “C‘est Toi le plus fort“ (1937), entre outras.
E parei por aí. Nunca mais me interessei em ouvir Piaf muito além do pouco que eu tinha.

Quando o filme “Piaf - um hino ao amor“ (La Vie en Rose) estreou, fiquei curiosa em assistí-lo, é claro. Todos falavam muito bem da atuação da atriz francesa Marion Cotillard que, inclusive, ganhou o Oscar de melhor atriz em 2008. Impressionante o talento da moça. Mais chocada fiquei após ver o filme e buscar informações sobre ela na net. Quando o Rubens Ewald Filho disse que ela encarnou a Edith Piaf, não estava exagerando:



Mas esse post é, na verdade, um mea culpa. Voltarei ao meu embrasse-Moi e comprarei outros.
O filme é simplesmente magnífico. Mistura as diferentes fases da vida de Piaf, desde sua infância até seus últimos momentos. Chorei demais, demais a cada início de música. Não somente pela triste história da protagonista, mas pela beleza de sua obra e de sua voz.
OBS: Não estou num momento sensível do meu mês.

E viva Piaf!

Agradeço Sheila pelo empréstimo do DVD.
imagens retiradas de:
http://www.nydailynews.com/entertainment/movies/2007/06/08/2007-06-08_piaf_pic_strikes_a_vocal_cord.html
www.aznlover.com
www.artistopia.com

Tuesday, July 15, 2008

Medo I



Não, não e não, não vou fazer uma tese aqui sobre o medo construído. A maneira como o medo pode nos tornar pessoas domáveis. Você para de sair de ir a boates porque tem medo de que um babaca de um filhinho de desembargadora, juíza ou coisa que o valha se ache melhor que todos a sua volta e resolva exercer seus dotes para surrar, por exemplo. Tem gente que chama isso de evitar lugares perigosos. Mas pra mim isso é medo de tomar porrada de bobeira mesmo.
Tem gente que deixa de sair a noite e voltar de madrugada com medo de uma blitz (oficial ou não, da polícia ou não). Ou com medo de ser assaltado, passar no meio de um tiroteio.
Conheço pessoas que preferem sair do Recreio e ir para a Tijuca pela Zona Sul (!!!!!!) porque tem medo de atravessar a Linha amarela ou a Grajaú-Jacarepaguá. Durante o dia.
Tem gente com medo de tudo.

Toque de recolher tácito, é isso que estamos vivendo. Claro que sempre existe gente doida que não vai abrir mão da vida social mesmo, que vai continuar na noite por aí, rodando pela cidade, seja de van, de taxi, de ônibus ou a pé. A vida não pode parar.

A primeira vez que eu senti medo da violência urbana, lembro exatamente da situação. Ia todos os sábados ao Antares, conjunto habitacional em Santa Cruz, reunir-me com jovens de lá através de uma ONG. Levava comigo meu grande amigo Cahê. Ele morava do outro lado da Cesário de Melo, na comunidade das Três Pontes, já em Paciência. O Antares era Comando Vermelho, o QG do CV na zona oeste. Tudo em volta era Terceiro Comando. Inclusive a Três Pontes.
E a chapa era quente. No meio do caminho entre uma e outra, mais para o lado do Antares, tem uma estação ferroviária, a Tancredo Neves. O povo das Três Pontes não devia pegar trem ali, tinha um boca bem na entrada da estação. Isso sem falar que de vez em quando, passava na Cesário de Melo um carro atirando para a rua de acesso ao Antares e a estação.

Mas eu não tinha medo de pegar o trem não, muito pelo contrário. Eu tive medo de que algo acontecesse ao meu amigo Cahê, muito mais do que comigo. Nós fazíamos nossas reuniões com a garotada e depois parávamos em um bar para tomar umas cervejas. Antes de anoitecer, muitas vezes atravessávamos a Cesário de Melo para ir a casa de Cahê. Todos sabiam que circulávamos entre as duas comunidades. Todos.

Até que um dia soube de uma caso de uma cara que morava nas TP e namorava uma menina do Antares. Um “belo“ dia, me contaram, ao entrar na rua da estação Tancredo Neves, sumiu. Seu corpo, devidamente separado de sua cabeça, foi encontrado dias depois nos trilhos atrás do conjunto. Todos sabiam porque ele tinha sido assassinado. Mas ninguém sabia por quem, já que esse “diálogo“ entre as duas comunidades não era bem visto por nenhum dos dois lados.

Todos conhecemos essas histórias de Romeu e Julieta modernas, entre casais que vivem em ‘comunidades inimigas‘. Mas aquela noite dormi no conjunto e tive um sonho horripilante. Sonhei que eu e Cahê havíamos sigo pegos pelos ‘caras‘ do Antares e que nos matariam porque estávamos passando informações para os caras das TP. Diga-se de passagem que de X-9 eu não tenho nada, nem ele. Mataram meu amigo na minha frente e eu começava a ser estuprada. Pelo menos acordei aí. No dia seguinte tive uma crise de choro horrível junto a esse meu amigo. Ele estava impassível, corajoso, como sempre foi e é.

Sempre brincava com minha mãe quando ia ao Antares e a outras comunidades/favelas do Rio que tinha uma certeza na vida: de que iria morrer “de tiro“. Por conta dessa certeza não tinha medo de ir a favela alguma. E não tinha. E, pra ser sincera nem sei se já tenho esse medo. Aquele dia tive pavor por conta do meu amigo, medo de que algo pudesse acontecer com ele, o sonho havia sido tão real...

Aquela foi a primeira vez que tive medo da violência urbana na cidade. Passei a evitar atravessar do Antares para as Três Pontes. Até que não fui mais nem a uma, nem a outra.


imagem: criticandomeiomundo.blogspot.com/ 2007/06/violenciaurbana

Monday, July 14, 2008

Amanhã! Será um lindo dia da mais louca alegria que se possa imaginar

Segunda-feira. Hoje é aniversário da Luli, minha primeira leitora. bjuuuusssss
Farei o possível para dar uma passada em sua casa, amiga.
Ontem, nada fiz, então hoje tá que tá.
Minha segunda está uma ‘dilícia‘... rsrs

Amanhã será muito melhor, não terei mais nada acumulado...


Sunday, July 13, 2008

I want my, i want my, i want my... MTV?

Tristeza, gente. O final de semana está acabando e mais uma vez eu não consegui corrigir os exercícios. Acordei cedo hoje, lá pelas dez (hoje é domingo!!!!!) e tentei, juro que tentei organizar tudo, limpei a mesa... mas acabei voltando pra cama como quem não quer nada e abri os olhos novamente quase as 3 da tarde... depois almocei, depois virei Maria, depois tinha o jogo, depois saí e já estou quase indo dormir. Pelo jeito, amanhã será um dia e tanto...

Tudo bem, é o terceiro final de semana agitado/preguiçoso seguido improdutivo. Deve ser a função dele mesmo... mas porque eu não me convenci disso, já e não paro de trazer folhas e mais folhas para casa?

Mas, sabem, acho que já estou há uns 2 ou 3 meses sem televisão. Ou melhor, sem canais, antenas, caixinhas... temos dois televisores em casa, um no quarto e outro aqui, na sala. Um é pra dormir e outro é monitor. Os dois servem para ver filmes em DVD. Estou me sentindo uma ignorante em matéria de programas de televisão. Perdi o Silvio Santos perguntando pra Preta Gil se ela gosta de mulher, porque a Sheila Carvalho não tem filhos, ainda não sei quem o tal Zé Bob (que porra de nome é esse?!) tá pegando na novela, se é a Claudia Raia ou a Patrícia Pillar, não entendi a adaptação da Ciranda de Pedra, não sei qual é a terceira novela da Globo e sei que tá rolando um tal heroes na Record... ufa!!!! Graças a Deus! Imagina quanta informação irrelevante ocupando o meu cérebro!!!!!!

É super estranho não ter TV. Já é a segunda vez. Quando fui morar com Sunday, ele não tinha televisão. Comprou uns bons 6 meses depois e eu fiz um baita escândalo. “TV pra quê?“ Ele veio com aquele papo furado de ser editor... eu engoli, ele compraria, com a grana dele... problema dele. E, aos poucos, fui me readaptando.

Agora tá estranho, mas tá bom. Não sei como está o cabelo da Fátima Bernardes, não vejo o Jabour falar merda, não tenho que passar pelo Faustão e o que me interessa, procuro o Youtube. Assim tenho acompanhado o CQC, indicado pelo Sunday, que ainda vê TV no trabalho.

Mas sinto falta de desenhos animados e de ... de... cara... sei lá. Acho que não sinto falta de nada. Vejo porque está lá, mesmo porque êita programaçãozinha chula essa nossa, hein? Nem dá gosto. Perdi a conta das vezes que vi esses DVDs que o Sunday compra na Blockbuster/L.Americanas... dos mais idiotas aos mais interessantes. Mas é melhor do que dormir ouvindo o Jô: “Beijo do gordo, uôu!“

Domingão

Após um tempinho sem postar, aqui estou novamente.
Senti falta, apesar de não ter sido um tempo muito grande.
A vida tem sido boa, Mengão líder, eu de volta ao Maraca após muitos anos, novas amizades sendo fortalecidas, tudo bem legal.
Zenten, voltei a correr!!!! Muito bom, sinto-me ótima.
A obra está indo, né mas acho que está devagar, não sei, Sunday achou hj a mesma coisa. Não subo sempre, normalmante as segundas para falar com os rapazes e aos domingos com o Sunday, para reclamar e fazer planos. Vai ficar ótima a casa, grande e com o meu escritório, aff... consegui um espaço só pra mim!!!!! Mas realmente não acredito na inauguração em minha festinha de 34, uma pena. Mas, quem sabe, né?

Por outro lado, repensei minha vida acadêmica e decidi mudar o tema. Sei que está “meio“ em cima da hora, mas não tinha jeito, acabei perdendo o tesão pelo tema dos conjuntos habitacionais. Minha ex-possível-futura orientadora acabou com todas as minhas hipóteses. Fiquei perdida ao sair do Fundão e, de lá pra cá, pouco pensei a respeito. Até o início da semana, quando uma luz me levou de volta ao meu mestrado e ao tema desenvolvido. E é de lá que vou começar. Meu problema é agora financeiro. Se eu não conseguir bolsa, como vou me manter ano que vem, pós ou ainda durante obras? Porque terei que tirar uma licensa do trabalho e, mesmo que seja remunerada, é muito pouco, a dupla regência morre. Com bolsa, o salário todo... Ó dúvida cruel... vamos ver em qual caminho eu me colocarei.

Mas vou correr atrás, vai que rola, né...
Tão tá.
Fui.

Tuesday, July 8, 2008

????????

O que podemos fazer?
Vou usar este espaço para pensar uma maneira de fazer algo pelas pessoas que moram nessa cidade.
Vamos lembrar de algumas coisas que acontecem quando a classe média sofreu violência no Rio de Janeiro.
Lembram da onda de sequestros? Pegaram o filho do presidente da Firjan, lembram?
Então, ali foi criado o Viva Rio, naquele contexto. Aí veio uma história de colocar velas na janela, bandeiras pretas... A Zona Sul toda foi mobilizada. Justificadamante, já que eram seus filhos as principais vítimas dos sequestros que ocorriam em peso na cidade.

Uma série de Ongs foram criadas a partir de então com o objetivo de lutar contra a violência na cidade do Rio de Janeiro. Muitas sérias, muitas com trabalhos que vão muito além de medidas assistencialistas para receber fundos de organizações internacionais.
Muitas mais preocupadas em abrir os horizontes dos jovens pretos, pobres, favelados para uma realidade que vai além do muro muitas vezes invisível que separa morro e asfalto, do que outras ONGs, interessadas em trazer jovens estrangeiros para a cidade e pagá-los muito bem para ossos padrões.

Dormi mal, cara, acordei de madrugada e fiquei pensando na dor das famílias... que coisa horrível... e ainda não sei o que fazer...

Mais assassinos

Os policiais que mataram o menino de 4 anos na tijuca, João Roberto Amorim Soares são soldados do 6º BPM (Tijuca):
William de Paula e
Elias Gonçalves da Costa Neto.

O jornal O Dia tem o vídeo do momento da execução.

Monday, July 7, 2008

Sobrevivi... o relato do caso Maria da Penha


Sobrevivi... o relato do caso Maria da Penha

Em 1998, o CEJIL-Brasil (Centro para a Justiça e o Direito Internacional) e o
CLADEM-Brasil (Comitê Latino-americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da
Mulher), juntamente com a vítima Maria da Penha Maia Fernandes, encaminharam à
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA) petição contra o Estado
brasileiro, relativa ao paradigmático caso de violência doméstica por ela sofrido (caso
Maria da Penha n.º 12.051).
As agressões e ameaças foram uma constante durante todo o período em que
Maria da Penha permaneceu casada com o Sr. Heredia Viveiros. Por temor ao então
marido, Penha não se atrevia a pedir a separação, tinha receio de que a situação se
agravasse ainda mais. E foi justamente o que aconteceu em 1983, quando Penha sofreu
uma tentativa de homicídio por parte de seu marido, que atirou em suas costas,
deixando-a paraplégica. Na ocasião, o agressor tentou eximir-se de culpa alegando para
a polícia que se tratava de um caso de tentativa de roubo.
Duas semanas após o atentado, Penha sofreu nova tentativa de assassinato por
parte de seu marido, que desta vez tentou eletrocutá-la durante o banho. Neste momento
Penha decidiu finalmente separar-se.
Conforme apurado junto às testemunhas do processo, o Sr. Heredia Viveiros
teria agido de forma premeditada, pois semanas antes da agressão tentou convencer
Penha a fazer um seguro de vida em seu favor e cinco dias antes obrigou-a a assinar o
documento de venda de seu carro sem que constasse do documento o nome do
comprador. Posteriormente à agressão, Maria da Penha ainda apurou que o marido era
bígamo e tinha um filho em seu país de origem, a Colômbia.
Até a apresentação do caso ante a OEA, passados 15 anos da agressão, ainda não
havia uma decisão final de condenação pelos tribunais nacionais, e o agressor ainda se
encontrava em liberdade. Diante deste fato, as peticionárias denunciaram a tolerância da
Violência Doméstica contra Maria da Penha por parte do Estado brasileiro, pelo fato de
não ter adotado, por mais de quinze anos, medidas efetivas necessárias para processar e
punir o agressor, apesar das denúncias da vítima. A denúncia sobre o caso específico de
Maria da Penha foi também uma espécie de evidência de um padrão sistemático de
omissão e negligência em relação à violência doméstica e familiar contra as mulheres
brasileiras.
Denunciou-se a violação dos artigos 1(1) (Obrigação de respeitar os direitos); 8
(Garantias judiciais); 24 (Igualdade perante a lei) e 25 (Proteção judicial) da Convenção
Americana, dos artigos II e XVIII da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
Homem (doravante denominada "a Declaração"), bem como dos artigos 3,
4,a,b,c,d,e,f,g, 5 e 7 da Convenção de Belém do Pará.
Uma vez que no caso Maria da Penha não haviam sido esgotados os recursos da
jurisdição interna (o caso ainda estava sem uma decisão final), condição imposta pelo
artigo 46(1)(a) da Convenção Americana para a admissibilidade de uma petição,
utilizou-se a exceção prevista pelo inciso (2)(c) do mesmo artigo, que exclui esta
condição nos casos em que houver atraso injustificado na decisão dos recursos internos,
exatamente o que havia acontecido no caso de Penha.
Neste sentido, assim se manifestou a Comissão: “considera conveniente lembrar
aqui o fato inconteste de que a justiça brasileira esteve mais de 15 anos sem proferir
sentença definitiva neste caso e de que o processo se encontra, desde 1997, à espera da
decisão do segundo recurso de apelação perante o Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará. A esse respeito, a Comissão considera, ademais, que houve atraso injustificado
na tramitação da denúncia, atraso que se agrava pelo fato de que pode acarretar a
prescrição do delito e, por conseguinte, a impunidade definitiva do perpetrador e a
impossibilidade de ressarcimento da vítima (...)”.
Importa frisar que, à época, o Estado brasileiro não respondeu à denúncia
perante a Comissão.
No ano de 2001, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos em seu
Informe n.º 54 de 2001, responsabilizou o Estado brasileiro por negligência, omissão e
tolerância em relação à violência doméstica contra as mulheres, recomendando, entre
outras medidas:
A finalização do processamento penal do responsável da agressão.
Proceder uma investigação a fim de determinar a responsabilidade pelas
irregularidades e atrasos injustificados no processo, bem como tomar as
medidas administrativas, legislativas e judiciárias correspondentes.
Sem prejuízo das ações que possam ser instauradas contra o responsável civil da
agressão, a reparação simbólica e material pelas violações sofridas por Penha
por parte do Estado brasileiro por sua falha em oferecer um recurso rápido e
efetivo.
E a adoção de políticas públicas voltadas a prevenção, punição e erradicação da
violência contra a mulher.
O caso Maria da Penha foi o primeiro caso de aplicação da Convenção de Belém
do Pará. A utilização deste instrumento internacional de proteção aos direitos humanos
das mulheres e o seguimento das peticionárias perante a Comissão, sobre o
cumprimento da decisão pelo Estado brasileiro, foi decisiva para que o processo fosse
concluído no âmbito nacional e, posteriormente, para que o agressor fosse preso, em
outubro de 2002, quase vinte anos após o crime, poucos meses antes da prescrição da
pena. Entretanto, é necessário ainda, que o Estado brasileiro cumpra com o restante das
recomendações do caso de Maria da Penha. É de direito o que se reivindica e espera que
ocorra.
O relato detalhado do caso pode ser encontrado no livro “Sobrevivi, posso
contar” escrito pela própria Maria da Penha, publicado em 1994, com o apoio do
Conselho Cearense dos Direitos da Mulher (CCDM) e da Secretaria de Cultura do
Estado do Ceará.

Tem hora que desanima

Olha, podem falar o que quiserem, mas está insustentável.
Policiais que metralham um carro estacionado com duas crianças e sua mãe dentro, matando um menino de 3 anos. Este é o capítulo de hoje de nossa tragédia.
Soube do acontecido no supermercado, ouvindo no celular o Band News FM e não tenho medo que me chamem de demagoga ou hipócrita ao relatar que parei e chorei.
Pelo pai desesperado, aos berros na porta do Copa D‘Or, chamando os policiais de assassinos e mentirosos e batendo nos peito (era possível ouvir o punho batendo no peito) ao dizer “sou um cidadão de bem, pago os meus impostos e não tenho culpa dessa sociedade que vocês construíram“, ou algo próximo a isso. Chorei por mim, pelo medo que senti, pela tristeza que estou sentindo até agora. Chorei por esse país de merda, pela educação de merda, pelas nossas escolhas de merda na política.

Uma mulher morre baleada por policiais na Vila Cruzeiro (não havia operação policial no local), policiais que extorquiam motoristas serão presos, policial que fazia segurança pelo MP mata jovem em Ipanema, menino baleado por PMs no Muquiço morre... dá vontade de quê?

Agora a polícia está na Formiga e no morro da Cruz, atrás dos ladrões que a polícia perseguia. Os que metralharam o carro estão em prisão administrativa. Prisão administrativa até que os fatos sejam apurados. Devem ser afastados das ruas, ficar em serviços internos. E só.
João Roberto Amaral, 3 anos, Tijuca.
Daniel Duque, 18 anos, Ipanema.
Ramon Fernandes da Silva, 6 anos, Guadalupe.
Mulher com idade e identidade ainda não divulgados, Penha.

Eu só posso dizer que sinto muito.
Pelos familiares, por mim, por nós.
E quando nós vamos fazer alguma coisa? QUANDO???????

Por outro lado, após 7 anos, Maria da Penha Maia Fernandes recebeu a indenização que lhe era de direito após sucessivas agressões e tentativas de assassinato praticadas por seu ex-marido. Uma delas, inclusive, deixando-a paraplégica.
Esta é a lei Maria da Penha:
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm

No próximo post, colocarei um trecho do texto “Sobrevivi“, de Maria da Penha Maia Fernandes.

PS: Daise Batista Pereira Machado, 32 anos, Penha.
E ainda... Patrícia Amieiro, 24 anos, Barra da Tijuca.

Friday, July 4, 2008

O choro do milico

Sabe, eu realmente acredito que todos podemos fazer uma “cagada“ de vez em quando. Algumas fenomenais, que podem marcar a nossa vida.
E inclusive, nos arrependermos delas.

Mas também acredito na falta de caráter das pessoas, na existência de pessoas que se achem superiores e capazes de qualquer maldade só para provar que podem.

Agora, uma coisa em que eu não acredito é na sinceridade das lágrimas dessa pessoa fardada na foto abaixo.

Poderia dizer que esse cara já vem dando trabalho ao Exército há algum tempo, que seus superiores o achavam problemático e que já previam que ele poderia se envolver em alguma coisa “estranha“.
Mas nunca afirmaria que acredito que um cara, desobedecendo as ordens do superior direto, que levou um grupo de jovens da Providência para a Mineira para “dar um susto“ na rapaziada, não tenha imaginado como aquela ação terminaria.
Dar um “susto“ em “alemão“, lá na terra de onde eu venho, vai muito além de dar uma coça.
Lágrimas de quê mesmo? Crocodilo, né?

Não, não e não

Já que pode ser algo muito parecido com um diário, tenho somente uma coisa para dizer na noite de hoje:
Odeio gente pegando no meu pé!!!!!

O-D-E-I-O

E sei exatamente como isso pode terminar.